BRASIL – JAPÃO

Intercâmbio caloroso entre Brasil e Japão logo após o término da guerra

 

“Se tiver oportunidade, desejo reiterar meus agradecimentos”

 

Para socorrer a população carente de roupas, alimentos e moradia devido ao caos instaurado pouco depois do término da guerra, os japoneses e seus descendentes vivendo sobretudo nas Américas do Sul e do Norte enviaram auxílio material na forma de roupas, gêneros alimentícios, etc. Essa atividade foi denominada “Donativos da LARA – Agência Licenciada de Assistência para a Ásia)”. 

 

Em janeiro de 1949, Mitsu Kato, hoje com 100 anos e residindo em Tokorozawa, Província de Saitama, recebeu as roupas usadas enviadas pelos imigrantes que viviam no Brasil e até hoje continua muito agradecida.

 

A senhora Kato perdeu o marido na guerra e juntamente com os quatro filhos voltou da Manchúria, indo viver em um dormitório para viúvas da guerra na cidade de Sendai. Ela ressalta a situação de penúria na época: “estava exausta de corpo e alma, sem falar na situação financeira ruim, e não era raro eu chorar muito no caminho de volta para casa”.

 

A senhora Kato enviou sem demora uma carta de agradecimento à “Associação de Socorro aos Conterrâneos Vítimas da Guerra” no Brasil.

 

“Vocês não podem imaginar a grande força, consolo e incentivo trazidos pela caridade desinteressada de pessoas desconhecidas. Desejo muita saúde a todos os que corajosamente lutam longe do torrão natal e peço-lhes que, apesar da derrota na guerra, não rejeitem a magnanimidade de serem cidadãos do Japão, país de maravilhosa história, tornando-se um modelo e sendo amados por outros povos”.

 

A referida Associação apresentou essa carta aos imigrantes japoneses no Brasil e conseguiu reunir ainda mais donativos.

 

Por sua vez, um imigrante residente em São Paulo, se emocionou com as palavras de agradecimento e enviou à senhora Kato uma carta:

 

Carta de encorajamento recebida de um imigrante residente em São Paulo

 

“Estou no Brasil há 36 anos. Sra. Kato, no curso de nossa existência provavelmente se pode encontrar pessoas que normalmente vivem felizes nesta vida, mas a meu ver a maioria enfrenta muitas dificuldades. Eu digo: quem não sofreu, não sabe dar valor às alegrias. Estou no exterior, mas espero a reconstrução rápida do Japão”.
 

Há cerca de 60 anos, ocorria essa troca de cartas repletas de calor humano entre o Japão e o Brasil.

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